A primeira referência à gripe, de que há registos, foi feita
por Hipócrates no Livro IV das Epidemias, no qual descreve um surto de infeção
no norte da Grécia em 412 a. C.
O vírus da gripe é cientificamente conhecido por vírus
influenza, uma designação que teve origem em Itália, no século XV, visto que na
época a causa da doença era atribuída a uma influência astrológica
desfavorável. Com a evolução dos conhecimentos médicos passou a designar-se por
“influenza di fredo”, ou seja, influência do frio, por ser mais comum nos meses
de inverno. O termo influenza, utilizado em registos em inglês para
designar a doença, surgiu pela primeira vez, em 1743, para descrever uma
epidemia da gripe, que terá tido início em Itália.
Foi no século XVI, que terá ocorrido, com grande
probabilidade, a primeira pandemia de gripe identificada em registos históricos,
certamente impulsionada pelas viagens e explorações marítimas dos
Descobrimentos. Teve origem na Ásia, no verão de 1580, espalhando-se depois por
África e chegando, posteriormente, à Europa. No continente europeu caminhou de
sul para norte em seis meses. Registaram-se cerca de 8000 mortes em Roma e foram
dizimadas algumas cidades espanholas. Subsequentemente, a gripe também atingiu
a América, onde terá também contribuído, juntamente com outros vírus e
bactérias, para a elevada mortalidade da população nativa.
A partir de 1700, os registos são mais informativos e de melhor
qualidade, sendo que a maioria dos especialistas identifica através deles, a
ocorrência de 10 pandemias de gripe nos últimos 300 anos. Todas as pandemias
tiveram origem na China, Rússia ou noutras partes da Ásia e ocorreram com
intervalos que variam entre 10 e 50 anos.
No século XX, ocorreram três pandemias da gripe, que foram
extensamente estudadas. A “Pandemia Espanhola”, de 1918, causada pelo subtipo
H1N1 do vírus da gripe A, foi a mais devastadora de todas as pandemias da gripe
de que se guarda registos históricos. Atingiu cerca de um terço da população
mundial e estima-se que terão morrido mais de 40 milhões de pessoas. A origem
deste vírus, isto é, como na evolução natural se chegou a este agente infecioso
em particular, permanece desconhecida. Aliás só mais de uma década depois, em
1933, é que o vírus da gripe humana foi isolado em laboratório e se iniciou a
era moderna da virologia da gripe. A análise do material genético do vírus de
1918/19, a partir de amostras de tecidos humanos recolhidos em autópsias
realizadas à época, aponta para a hipótese do vírus ter evoluído diretamente do
vírus da gripe aviária. Esta situação é distinta da que se identificou para a
“Pandemia Asiática” em 1957, e a “Pandemia de Hong-Kong” em 1968, causadas
respetivamente pelos subtipos H2N2 e H3N2, cuja origem esteve na recombinação
entre um vírus aviário e um vírus humano que então circulava. Estas duas
pandemias tiveram menor letalidade do que a de 1918. Estima-se que tenham causado
em conjunto cerca de três milhões de mortos.
Já no século XXI, uma nova pandemia surgiu em 2009, uma
variante de gripe suína com os primeiros casos detetados no México. O vírus,
identificado como uma estirpe do já conhecido subtipo H1N1, provocou a morte a
mais de 18 mil pessoas por todo o mundo.
Dr. Christopher Howard Andrewes que liderou a equipa que isolou o vírus humano em 1933. Créditos: Organização Mundial da Saúde, Eric Schwab. |
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