segunda-feira, 22 de julho de 2019

História | A AEG

Quem não tem ou nunca teve um eletrodoméstico da AEG em sua casa? Já se perguntaram qual será a história desta empresa? Deixo-vos aqui um pequeno historial.
A AEG (Allgemeine Elektricitäts-Gesellschaft) foi uma das mais importantes empresas eletrotécnicas da Alemanha. Uma empresa que conseguiu subsistir durante todo o século XX e que mesmo em tempos de crise teve uma grande importância na economia alemã, sendo sempre sinónimo de qualidade e modernismo.
Em 1881, por ocasião da Exposição Internacional de Eletricidade, que teve lugar em Paris, o americano Thomas Edison apresentou a sua lâmpada de incandescência com todos os dispositivos necessários e as instalações de distribuição de corrente. O engenheiro e industrial Emilio Rathenau, compreendeu rapidamente as possibilidades ilimitadas das patentes de Edison e em 19 de abril de 1883 fundou a «Sociedade Alemã Edison para Aplicação da Electricidade» que mais tarde, em 1887, mudou a sua denominação para Allgemeine Elektricitäts-Gesellschaft (AEG).
Em 1884, estabeleceu a sua primeira fábrica em Berlim. Em rápida sucessão, a nova entidade instalou redes de iluminação, primeiro, na capital e depois noutras cidades alemãs.
No final do século XIX, na sua fábrica já se produziam alguns aparelhos eletrodomésticos. O Catálogo AEG correspondente ao ano de 1895 continha cerca de 60 modelos distintos.
 Uma das fortes características dos eletrodomésticos era seu design, nele estiveram envolvidos artistas e técnicos em estreita colaboração. O grande mentor do design de equipamentos na AEG, foi Peter Behrens, que trabalhou na empresa entre 1903 e 1914, tendo sido nomeado diretor artístico em 1907. Behrens representou o relacionamento crescente entre arte e a indústria no início do século XX. As suas primeiras pinturas e trabalhos gráficos foram influenciados pela Jugendstil, um movimento cultural alemão semelhante à Arte Nova, de finais do século XIX. Foi o primeiro “designer de empresa”, ou seja, o primeiro a ocupar-se de toda a imagem de uma companhia e do que ela projeta para o público. Behrens também assegurou que houvesse uma identidade em todos os outros elementos de produção da empresa, da arquitetura à publicidade.
A partir da década de 1950, os aparelhos eletrodomésticos deixam de ser artigos de luxo, restritos a uma classe mais abastada. Numa conjuntura de pós-guerra em que era necessário revitalizar a economia alemã, começaram a ser produzidos em série de uma forma mais estandardizada e massificada.
A produção em massa tornou os bens acessíveis a um mercado mais amplo, mas também deixou os operários das fábricas com um sentimento de alienação, pois o seu papel no fabrico reduziu-se a uma tarefa anónima e repetitiva.
A AEG soube adaptar os modelos de cada aparelho às exigências do tempo moderno. Foi necessário que as funções dos diferentes eletrodomésticos se submetessem, cada vez mais, aos imperativos da automatização para cumprir as exigências da racionalização das tarefas domésticas.
O sistema de produção em massa acabou por exercer uma influência permanente sobre o processo de design, com a padronização de peças de fácil montagem e a linha de montagem móvel. A padronização e a intercambialidade de componentes estabelecidos por Behrens foram cruciais para o sucesso da empresa que se baseou num design simples, mas elegante.
A AEG dissolve-se definitivamente em 1996, no entanto, é uma marca que continua no mercado, pois vendeu o seu património a outras empresas, entre elas a Electrolux, Siemens AG e Bombardier Transportation.


Fonte: AEG, 75 Anos (1958)

sexta-feira, 12 de julho de 2019

História | A invenção do secador de cabelo


Antes do aparecimento do secador de cabelo, várias técnicas pouco cómodas eram utilizadas na tentativa de secar e moldar os cabelos segundo os ideais de beleza da época.
O primeiro aparelho secador de cabelos foi inventado em 1890, pelo francês Alexandre Godefroy, para ser usado no seu salão de beleza, em Paris. Era uma espécie de touca quadrada de metal, ligada a um tubo flexível projetando sobre os cabelos ar quente de um fogão a gás. Este sistema permitiu que as mulheres secassem o cabelo mais rápido e que pudessem manter durante mais tempo os novos tipos de penteados. No entanto, a grande dimensão dessas máquinas não permitia que fossem usadas em contexto doméstico.
Já no século XX o sistema foi melhorado, adicionando uma resistência elétrica que transformava o ar frio que entrava, em ar quente à saída. A invenção do secador elétrico surge, assim, da combinação entre uma resistência idêntica à dos aquecedores e um motor semelhante ao dos aspiradores. É, portanto, uma invenção por combinação de outras invenções.
Secador eléctrico num Salão de beleza em Londres
Fonte: The Illustrated London News, 20 October 1928
O primeiro secador elétrico manual foi desenvolvido pela empresa alemã AEG (Allgemeine Elektricitäts-Gesellschaft). O secador produzido pela primeira vez tinha um barulho infernal, deitava nuvens de fumo e às vezes até faíscas, pesava dois quilos e o ar saia a uma temperatura de 90 graus sendo que o motor era colocado no punho.
A AEG atribui a denominação de Foen ou Fön à sua invenção tornando-se uma marca comercial registada na Alemanha, em 1909, para os secadores de cabelo produzidos pela empresa. Esta denominação tornou-se uma marca generalizada, transformando-se num termo standard para secador de cabelo em algumas línguas. O nome provém de um vento, vento Foehn, que resulta de um efeito que acontece ao ar nas zonas montanhosas, pois ao subir a encosta o ar arrefece e ao voltar a descer, aquece, sendo que existe um ganho de calor em relação à temperatura inicial.
Em 1910, os modelos já pesavam 1,8 kg com uma potência de 300 Watts (para comparação, hoje uma unidade padrão é de 300 gramas e tem cerca de 1200 Watts de potência).
Algumas fontes afirmam que é à empresa Sanitas, em Berlim, adquirida nos anos de 1950 pela AEG, que pertence a invenção do secador elétrico, inicialmente para uso na área médica, e que a empresa ao adquirir a Sanitas comprou todos os seus direitos comerciais, incluindo o registo da marca Foen.



Secador eléctrico de 1899

Fonte: Meyers Enzyklopädisches Lexicon  (1973)
De facto, o secador eléctrico não servia apenas para secar o cabelo. Em meados da década de 1920 é-nos descrito como um "dispositivo, com o ar quente que se dirige a uma parte circunscrita do corpo [...] contra doenças de pele, nevralgias, reumatismo muscular, etc; duração do tratamento 10 a 20 minutos” e como "aparelho eléctrico para secar o cabelo lavado [...] também para a evaporação de líquidos em laboratórios." (Brockhaus Handbook of Knowledge 2 (1926), p. 79).

                     Cartaz publicitário das Companhias Reunidas Gás e Electricidade da década de 1930

Fonte: Centro de Documentação – Museu da Electricidade

Outras fontes ainda atribuem a invenção a duas empresas americanas de Wisconsin em 1920, a Racine Universal Motor Company e a Hamilton Beach.
Esta falta de objetividade é característica de uma época em que as invenções tecnológicas davam os primeiros passos num contexto de concorrência industrial. A única forma de assegurar a invenção é proceder-se ao registo de patente que ainda não estava devidamente uniformizado a nível mundial, o que poderá gerar algumas controvérsias acerca do reconhecimento das invenções. O registo de patente permitia assegurar que a inovação tecnológica tenha um titular reconhecido, de modo que o inventor ou o licenciado possa usufruir de exclusividade de exploração por um determinado tempo.
Desde então, têm sido lançadas milhares de patentes de secadores de cabelo para equipamentos de diferentes modelos, mas a maioria delas só ajusta o visual externo para que o produto pareça esteticamente mais atraente. Com exceção da adição de algumas características de segurança, o interior de um secador de cabelo não mudou muito com o passar dos anos.
Os primeiros modelos de secadores elétricos de mão comercializados eram feitos de crómio, alumínio ou aço inoxidável e o cabo era feito de madeira, o que os tornava pesados e mais difíceis de manejar. Nos anos 1930, um novo material começou a ser utilizado, a baquelite, que é um plástico resistente ao calor e, além disso, pode ser moldado e assumir várias cores e feitios. A descoberta do plástico como material mais facilmente moldável, mais leve e mais atraente, permitiu criar uma maior variedade de formas e estilos, tendo sempre em conta o lado prático do invento.
Na década de 1950 os secadores de cabelo tornam-se cada vez mais populares. O "Original Foen" da AEG de 1959 apresentou-se no mercado a preços razoáveis ​​e com 800 gramas, sendo relativamente fácil de manusear.
Cartaz publicitário da AEG ao secador de cabelo
Data: 1958

Fonte: http://www.technikzuhause.de/