quinta-feira, 28 de março de 2019

Museu da Farmácia... Uma visita guiada


Uma visita guiada pelo Museu da Farmácia, em Lisboa, leva-nos numa viagem por mais de 5000 anos de história da saúde e da farmácia, através de objetos oriundos de civilizações e culturas distantes no tempo e no espaço.
Iniciamos esta viagem no Antigo Egipto perante o sarcófago de Irtierut, o filho de Pa-di- Her e Taremenubet.  Todo o ritual e processo de mumificação possibilitou um maior conhecimento sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano, assim como o conhecimento das substâncias terapêuticas provenientes do reino vegetal, animal e mineral, que eram usadas na preparação e conservação do corpo.
Passando para a Grécia Antiga ficamos a saber que a grande conquista da medicina grega foi a sua procura de bases naturais para explicar a doença, as suas causas e tratamento, não sendo baseadas na religião, na magia ou superstição. Estando esta conquista ligada a Hipócrates (460-377 a. C.), que ficou conhecido como pai da medicina. Ele e os seus seguidores formaram a chamada escola Hipocrática, que fomentava uma explicação racional e empírica, opondo-se à abordagem religiosa e mágica da medicina.
No Império romano, o contributo caracterizou-se pela organização do conhecimento médico e farmacêutico através de várias obras e Galeno foi o mais notável autor da sua época.
Viajando para outro continente, chegamos às civilizações da América do Sul: Incas, Maias e Aztecas. O poder da cura, nestas civilizações estava estritamente ligado às figuras do feiticeiro e curandeiro, que faziam a mediação entre o mundo terreno e o espiritual, com os rituais e cerimónias a assumirem grande importância. Para além da ligação mágico-religiosa, estas civilizações tinham um grande conhecimento das propriedades e manipulação das plantas e outras substâncias naturais.
Avançamos, agora, alguns séculos no tempo e chegamos à Europa na Idade Média. É nesta época que se dá o aparecimento dos primeiros espaços fixos para a produção e venda de medicamentos, as boticas. Surgem sobretudo no centro das grandes cidades europeias, mas também se organizaram boticas em conventos e mosteiros, que muito contribuíram para o desenvolvimento da prática farmacêutica.
A expansão marítima portuguesa, iniciada no século XV, teve uma grande repercussão no desenvolvimento da ciência farmacêutica, com a descoberta de novas espécies vegetais, minerais e animais e com o contacto com outras civilizações, que proporcionaram a vinda, para a Europa, de drogas desconhecidas de grande interesse terapêutico e comercial.
Uma farmácia portátil
Nos séculos XVII e XVIII, deu-se o aparecimento da farmácia química. No início de seiscentos alguns medicamentos químicos já eram utilizados em Portugal, mas a sua utilização só foi aceite de forma mais pacífica em finais do século. Esta aceitação refletiu-se no aparecimento de literatura farmacêutica, até então praticamente inexistente. Nos finais do século XVII, também se assistiu a uma grande expansão do número de entradas na profissão farmacêutica. A aprendizagem dos saberes farmacêuticos era realizada nas boticas e depois de quatro ou mais anos de prática poderiam realizar o exame de acesso à profissão.
Foi finalmente no século XIX, que houve um maior desenvolvimento da farmácia em Portugal com criação e consolidação do ensino superior e com o fortalecimento do associativismo entre a profissão.
No século XX, as grandes descobertas na área da medicina tiveram um avanço sem precedentes. Exemplo disso foi descoberta da penicilina por Fleming, uma verdadeira revolução para a Humanidade.
A evolução das farmácias durante os vários séculos pode ser observada através de exemplos de estabelecimentos farmacêuticos recriados no espaço do Museu, desde o final do século XV até aos nossos dias. Reconstituições de autênticas farmácias portuguesas desde a antiga botica dos séculos XVIII, até à Farmácia Liberal do início do século XX. É de destacar a reconstituição de uma farmácia tradicional chinesa, oriunda de Macau do final do século XIX e de uma área dedicada à Farmácia Militar.
É sem dúvida um museu que não podem deixar de visitar!





Fotos: Ana Filipa Simões