quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Património | Coleções Fotográficas













Não podemos esquecer que o termo fotografia pode referir-se a objetos diversos e muito diferentes entre si. 
Uma fotografia pode ser uma prova a preto e branco, um diapositivo, um negativo em vidro, um daguerreótipo ou até um postal. No entanto, o termo nem sempre é usado de forma correta e nem sempre se refere a verdadeiras fotografias.
Nas coleções de fotografia encontramos fotografias em papel, em vidro ou em plástico, de cor negra, castanha, azul ou com várias cores em suportes transparentes, opacos, rígidos ou flexíveis, correspondendo a várias épocas e a várias necessidades da fotografia.
O que todos têm em comum é que tiveram origem na ação da luz dentro de uma câmara fotográfica. Os materiais usados, a cor, o modo como são vistos são diferentes, assim como existem diferenças nos cuidados e na proteção que requerem.
As fotografias de uma coleção são genericamente designadas por espécies fotográficas. Esta designação refere o objecto em si, a folha de papel coberta de prata ou a película com corantes e gelatina, e não apenas a uma imagem, até porque uma espécie fotográfica pode conter várias imagens. 
As transformações de deterioração que uma fotografia pode sofrer são muitas e variadas. Algumas delas são características de determinados processos fotográficos, outras são comuns em vários processos e muitas das formas de deterioração que encontramos mostram claramente a causa que lhes deu origem. A deterioração das espécies fotográficas consiste em transformações físicas e químicas ocorridas após o seu processamento, motivadas por uso excessivo ou inadequado, por condições ambientais desfavoráveis, ou decorrente da instabilidade intrínseca dos materiais componentes e que afetam a forma física e o aspecto original da espécie.
A conservação de espécies fotográficas é uma tarefa fundamental para preservar a memória visual dos últimos 150 anos. A partir de 1839 a fotografia vulgarizou-se de tal forma que tendemos a considerá-la como algo de menor valor ou facilmente substituível e reproduzível. No entanto, são relativamente recentes os esforços a nível mundial para a recolha e estudo deste tipo de documento devido ao valor histórico e documental que representam.
Com as espécies fotográficas analógicas as regras de conservação são seguras e consensuais pelo que não despertam muita polémica. Como evitar a exposição excessiva à luz, manter os depósitos em condições ambientais adequadas para a conservação, organizar e acondicionar as espécies fotográficas, protegê-las contra poeira e insectos, evitar o excesso de manipulação e expor reproduções mantendo os originais protegidos em locais escuros, são algumas das boas práticas de conservação preventiva.
Todos nós temos a experiência da fragilidade dos materiais fotográficos, com alta tendência de deterioração se não estiverem em condições adequadas e não forem seguidos os cuidados aconselhados.
Outra forma de preservação das espécies fotográficas originais é a sua reprodução digital, recomendada sobretudo para efeitos de exposição pois pode ser feita sem perda de qualidade.
Atualmente, deve-se, por isso, considerar, além da fotografia analógica tradicional, a preservação de arquivos digitais e da informação escrita que os acompanha.
A tecnologia digital pode ser uma ajuda decisiva para a preservação dos originais, não apenas para que eles sobrevivem para gerações futuras, mas também para a preservação da imagem, independentemente do suporte. De notar que o objecto original não perde seu valor intrínseco, com a reprodução digital, pelo contrário, aumenta o seu valor devido à possibilidade de uma maior difusão e divulgação proporcionadas pelas reproduções. Como referência histórica, o original continua a ser uma fonte preciosa. A prova ou negativo original contém mais informação do que seu equivalente digital. Contém o processo original da fotografia, mostra que as formas de fotografia e sua relação com os observadores foi-se alterando, desde as dimensões iniciais, as formas de deterioração, que revelam uma vida de utilização, as inscrições no verso e reverso, assinaturas, carimbos ou selos brancos que são garantias de autenticidade e da sua relação com a produção inicial. São marcas de autoria e de uma época.