
No entanto, muitos museus têm coleções pouco documentadas e os objetos perdem muito da sua função com a perda de informação associada. O aumento de conhecimento e do valor da documentação só beneficia a instituição, pois a sua investigação e registo documental permite que no futuro já não se enfrente o problema da pouca ou ineficiente documentação e, isso assegura que os objetos que se colecionam serão melhor usufruídos pelas gerações futuras. Por estas razões é fundamental o inventário de todas as peças do acervo assim como a sua constante atualização.
Segundo a Lei-Quadro dos Museus Portugueses, o inventário museológico “é relação exaustiva dos bens culturais que constituem o acervo próprio de cada museu, independentemente da modalidade de incorporação.” (Art. 16º) Pretende-se com o inventário identificar e individualizar cada objeto museológico e integrar a documentação a ele associado.
O inventário deve ser complementado por documentação ou seja, por registos que possibilitem aprofundar e disponibilizar informação sobre as peças que integram o museu, bem como acompanhar e historiar o processo ao qual foi sujeito dentro da instituição museológica desde a sua incorporação.
As fichas de inventário devem conter as informações base à disposição de todos os investigadores. O seu carácter polivalente lhe conferirá um grande valor de informação para os investigadores exteriores e uma utilização a longo prazo. Contudo, é necessário ter em conta que as descrições muito detalhadas tornam-se fastidiosas e acabam por comprometer o registo de inventário e conter uma informação muito fragmentada que pode dificultar a sua utilização pelo investigador.
A elaboração de uma ficha de inventário deveria ser feita por diferentes profissionais e não apenas por um, ou seja, consoante a peça em questão deveria passar por uma equipa multidisciplinar de historiadores de arte, historiadores ou antropólogos e conservadores-restauradores, para um maior rigor da informação disponível.
A administração das coleções nunca foi tarefa fácil, mas nas últimas décadas o trabalho parece ter-se complicado devido ao crescimento dos fundos nos museus, por serem organismos em contínua expansão e sobretudo pela procura de informação da sociedade atual. Muitos museus vêem-se confrontados com estes desafios perante coleções bastante diversificadas e com pouco historial de registo.
A grande variedade de coleções e a grande dificuldade de os catalogar tornou árdua a procura de uma uniformização dos inventários e com o surgimento de novas tipologias de objetos museológicos a tarefa dificulta-se. Foram, sobretudo, os inventários informatizados que ocasionaram esta reflexão e reorganização das normas de inventário, pois com o desenvolvimento da informática e generalização, para além da informatização dos inventários dos museus, permitiram a sua colocação em rede e a sua acessibilidade via internet.
Neste contexto, as ferramentas tradicionais para a gestão e armazenamento da informação (fichas; ficheiros; índices, livros de registo) vêm-se desprezadas pelas novas tecnologias devido ao grande armazenamento da informação textual e de imagens que possibilitam as tecnologias ópticas e ao acesso à informação massiva. Contudo, esta documentação museológica deve ser preservada e, segundo a Lei-quadro dos Museus Portugueses, é considerada património arquivístico de interesse nacional pela sua importância e valor para a história dos museus e dos seus acervos.
A documentação inerente às coleções dos museus possui, desta forma, diferentes usos. É indispensável para a própria atividade do museu, visto ser necessária para concretizar as suas funções mais básicas como a conservação, exposição e difusão ao público. Para além da disposição ao público pela exposição o museu deve também tornar acessíveis as suas colecções aos investigadores para que o museu seja realmente um centro de investigação. Não só internamente mas também tornar a documentação acessível a outros especialistas fora do museu para a própria investigação. A documentação também permite demonstrar a propriedade legal das colecções. Tem sido uma preocupação a necessidade de elaboração de instrumentos documentais como registo e inventário onde se coloque detalhadamente a forma de aquisição e a proveniência. E na luta contra o tráfico ilícito, a informação é crucial para a protecção de objectos culturais. É importante para a sua recuperação em caso de roubo que tenha sido documentado adequadamente. Estas facetas demonstram a importância que tem ganho a informação e a documentação museográfica nas últimas décadas.
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