domingo, 23 de junho de 2019

A função educativa dos museus do século XIX


Os museus adquiriram o seu carácter público entre finais do século XVIII e início do século XIX, este processo implicou mudanças nas instituições originalmente imbuídas pelo espírito do coleccionismo privado, agora abertos ao público em geral.
Assim como as bibliotecas, os museus passam a ser conotados como espaços culturais de primazia, sendo vistos pelo poder político como um excelente recurso com funções educacionais e civilizadores da população, isto é, seriam locais de acesso público com uma função de educar e transmitir cultura sendo sinónimo de civilização.
Esta tendência é mais marcada em meados do séculos XIX em que os museus apresentavam uma função de dupla pedagogia, por um lado o contacto com os objectos museológicos (artísticos e científicos) tinha um efeito de enriquecimento e regeneração do intelecto e personalidade do visitante, e por outro lado, como eram locais frequentados por classes sociais altas, os comportamentos e o saber-estar destes, também estariam disponíveis a ser observados e apreendidos por um público menos habituado ao ambiente dos museus.
No entanto apesar do alargamento do acesso a toda a população, o museu continuava a ser frequentado, sobretudo por elites. Ainda que o objectivo educacional e civilizador do museu fosse querer chegar à população em geral, tal não se concretizava, pois na prática o museu não era frequentado por todas as classes sociais, continuando a dominar a presença das classes mais altas. O museu que pretendia uma homogeneização da sua função social, continuava a permanecer um local de diferenciação e divisão entre as classes sociais. Uma situação que só viria a começar a mudar já na segunda metade do século XX, quando ocorreram importantes mudanças ao nível da definição de educação e da importância que a função educativa assumiu nos museus. Deu-se, cada vez mais, um maior relevo ao experimentalismo para a aquisição de conhecimentos em detrimento de uma aquisição meramente teórica. Neste sentido, passou-se a incentivar a interactividade entre o visitante, os objectos e espaço museológico. 

Inauguração da Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental, no Museu Nacional de Bellas Artes
Capa de "O Occidente", n.º 111 de 21 de janeiro de 1882

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