Os museus adquiriram o seu carácter público entre finais do século
XVIII e início do século XIX, este processo implicou mudanças nas instituições originalmente
imbuídas pelo espírito do coleccionismo privado, agora abertos ao público em
geral.
Assim como as bibliotecas, os museus passam a ser conotados como
espaços culturais de primazia, sendo vistos pelo poder político como um excelente recurso com funções educacionais e civilizadores da população, isto é, seriam
locais de acesso público com uma função de educar e transmitir cultura sendo
sinónimo de civilização.
Esta tendência é mais marcada em meados do séculos XIX em que os museus
apresentavam uma função de dupla pedagogia, por um lado o contacto com os objectos
museológicos (artísticos e científicos) tinha um efeito de enriquecimento e
regeneração do intelecto e personalidade do visitante, e por outro lado, como
eram locais frequentados por classes sociais altas, os comportamentos e o saber-estar destes, também estariam disponíveis a ser observados e apreendidos por um
público menos habituado ao ambiente dos museus.
No entanto apesar do
alargamento do acesso a toda a população, o museu continuava a ser frequentado,
sobretudo por elites. Ainda que o
objectivo educacional e civilizador do museu fosse querer chegar à população em
geral, tal não se concretizava, pois na prática o museu não era frequentado por
todas as classes sociais, continuando a dominar a presença das classes mais altas. O museu que pretendia uma homogeneização da sua função social, continuava a
permanecer um local de diferenciação e divisão entre as classes sociais. Uma situação que só viria a começar a mudar já na segunda metade do século XX, quando ocorreram importantes mudanças ao nível da definição de educação e da
importância que a função educativa assumiu nos museus. Deu-se, cada vez mais, um maior relevo ao
experimentalismo para a aquisição de conhecimentos em detrimento de uma
aquisição meramente teórica. Neste sentido, passou-se a incentivar a interactividade
entre o visitante, os objectos e espaço museológico.
Inauguração da Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental,
no Museu Nacional de Bellas Artes
Capa de "O Occidente", n.º 111 de 21 de janeiro de
1882
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