Loading By Monica Zanet |
A concepção e organização de uma exposição científica e didática não é uma
tarefa fácil, nem é uma ação que se improvisa. Não se reduz apenas a suspender
objetos nas paredes da sala, a fixá-los em painéis e colocá-los no interior de vitrinas,
segundo critérios arbitrários.
A concretização de uma exposição constitui uma das funções primordiais de
uma instituição museológica, pois é a função que permite ao museu realizar de modo
específico a sua missão cultural e educativa. Segundo George Henri Rivière “a
exposição é o meio por excelência do museu, instrumento da sua linguagem particular”
sendo por ele definida como “a ação de colocar à disposição de todo o público, um
conjunto de bens móveis, imóveis ou imateriais, segundo um programa preciso e num
local determinado, fechado ou ao ar livre, com a ajuda de diversos meios,
essencialmente visuais”.
Não existem receitas para a concepção realização de uma exposição, esta
depende, essencialmente, da temática, dos seus objetivos, dos objetos selecionados e
estudados, do espaço, do percurso, dos materiais de suporte e das técnicas de
comunicação adotadas.
A programação de uma exposição deve ser realizada por uma equipa multidisciplinar que executa cada uma das áreas de trabalho, coordenadas por um responsável ou comissário de exposições.
A programação de uma exposição deve ser realizada por uma equipa multidisciplinar que executa cada uma das áreas de trabalho, coordenadas por um responsável ou comissário de exposições.
A etapa preparatória consiste na elaboração
do programa científico da exposição que definirá cada uma das etapas a seguir e as pessoas que hão-de
intervir em cada uma delas.
Depois da definição de tema, orçamento e constituição da equipa, a primeira fase da exposição refere-se à seleção dos objetos, para posterior investigação e restauro (caso não estejam em bom estado). Procede-se depois então à criação do contexto dos objetos, escolha do espaço, mobiliário museológico e do percurso. A escolha dos seguintes aspectos é fundamental para se obterem bons resultados:
Textos e imagens...
Textos e imagens...
A presença de textos numa exposição é benéfica para informar o visitante, para o
orientar e identificar os objetos expostos. Os textos informativos devem ser legíveis e
conter uma linguagem clara e acessível para todos os tipos de público. O seu tamanho e
local devem ser acessíveis e seguir uma ordem e hierarquia consoante o programa
científico da exposição. Os textos devem conter uma componente didática e servir de
guia para o visitante compreender os conteúdos da exposição com o mínimo de
informação necessária a uma apreensão satisfatória. No entanto este suporte deve ser de
certa forma discreto e ordenado pois não devem desorganizar o espaço de contemplação
dos objetos. É necessário respeitar a liberdade do visitante na compreensão dos
conteúdos da exposição e não impor uma informação escrita excessiva. As fotografias e os videogramas também se consideram que possuem um grande potencial de comunicação. Podem representar uma série de aspectos, difíceis de explicar por outros meios, ajudando inclusive a evocar sensações e emoções ao visitante. Devemos ter em conta que, para que as fotografias e vídeos comunicarem a mensagem, é necessário ordená-las segundo um determinado contexto e complementá-las com um texto apropriado.
Multimédia...
Multimédia...
A implementação ao longo do percurso de postos multimédia interativos com
ecrãs tácteis, poderá constituir uma mais-valia para a interpretação. Estas tecnologias atrativas requerem do visitante uma maior atenção e o ecrã
táctil reforça este efeito, e é um dos elementos raros dentro de um museu que pode ser
tocado. Constituem um suporte informativo dos objetos e dos conteúdos da exposição,
mas não os substituem. A sua consulta exige uma maior disponibilidade de tempo
consoante a curiosidade do visitante, sendo que são mais utilizados por gerações mais
jovens do público que são mais receptivos a este tipos de comunicação.
A tecnologia, em particular multimédia, apresenta grandes vantagens e
oferece possibilidades excecionais à museografia e à cenografia. A sua utilização
deve ser determinada segundo a concepção do programa museográfico e integrar-se
completamente na cenografia da exposição, de maneira não estar desenquadrada.
Iluminação...
Iluminação...
Outro aspecto a ter em conta será a iluminação da exposição. A luz e as formas
de iluminação constituem um elemento essencial de apresentação. Pelas múltiplas
possibilidades de dar ênfase aos objetos expostos, a luz é um meio de comunicação
importante, contribui para oferecer um ambiente à exposição e contribui para o estilo da
mesma. As principais opções em matéria de iluminação devem integrar o projeto desde
a sua concepção museográfica, o seu estudo detalhado faz parte da fase de definição da
cenografia. Tem que se ter em conta que a iluminação pode por em causa a integridade
do objecto exposto e contribui para a sua degradação gradual. Por razões de
conservação é exigido uma luz mais fraca para objetos mais sensíveis, como papel.
Cores...
Cores...
Os motivos de conservação também podem ter influência na escolha da palete de
cores dominante nas vitrinas e nas paredes. Por exemplo, uma paleta escura exige uma
maior taxa de iluminação, enquanto que os tons acromáticos evidenciam as cores e
formas dos objetos. O conjunto de cores é um importante componente do ambiente nas
galerias que deve, naturalmente, ser compatível com as exigências do programa
científico da exposição. As cores não devem mudar simplesmente por razões
decorativas ou por motivos de entretenimento, uma vez que qualquer alteração
significativa das cores induz a sensação de que há uma mudança de tema.
Mobiliário...
Mobiliário...
O mobiliário museográfico não pode ser negligenciado nem deve estar a cargo
de um técnico que não tenha conhecimento do programa científico da exposição e do
museu.
As vitrinas cumprem uma importante função nas exposições dos museus, sendo
uma forma para a apresentação dos objetos, ao colocá-los em destaque, e para a sua
conservação ao oferecer uma maior facilidade em criar um microclima. Ao mesmo
tempo, serve também de proteção contra o roubo ou qualquer outro dano. Um dos
maiores inconvenientes é que constituem uma barreira entre o objeto e o visitante, e
portanto, dificulta a comunicação.
Nas características de uma vitrina tem que se ter em conta alguns aspectos, como
estarem perfeitamente desenhadas, assentar firmemente no solo a fim de evitar
vibrações, permitir que o acesso aos objetos seja realizado com facilidade, oferecer um
equilíbrio entre o elemento estético e funcional e devem prever locais para os
reguladores de humidade relativa e para os sistemas de segurança, sendo de fácil acesso
para os técnicos sem que afete o aspecto externo da vitrina.
Todo o mobiliário museográfico deve ser mais ou menos uniforme e
harmonioso. Para uma organização dos espaços, mobiliário e suportes museológicos é necessário elaborar uma planta do espaço expositivo, com as divisões demarcadas, todos os materiais e localização de objetos delineados.
Paralelamente à programação da exposição, tanto de caráter permanente como temporário, é
importante desenvolver-se a elaboração do catálogo que constitui um elemento
permanente da mesma. A maioria dos catálogos oferecem uma descrição detalhada de
cada uma das peças expostas, resultado de um importante trabalho de documentação e
de investigação científica, coordenado pelo comissário. Para além disso, alguns
integram um estudo sobre o contexto social, histórico e cultural das obras expostas realizados pelos especialistas. Nos catálogos mais completos incluem-se alguns
capítulos dedicados ao design da exposição ou aspectos museográficos concretos, assim
como a ficha técnica em que consta a equipa interdisciplinar que colaborou na
realização da mesma.
A etapa final da concretização de uma exposição será proceder à sua avaliação e a realização de estudos de público. Perceber o que resultou e o que falhou.